terça-feira, 3 de março de 2015

Maioria dos brasileiros ainda não usa internet para comprar

Rio - Apesar de ser um segmento em franca expansão, o comércio pela internet ainda é um terreno inexplorado pela maioria dos brasileiros. Uma pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 74% dos entrevistados nunca fizeram uma compra eletrônica.
O percentual varia conforme fatores como idade e renda: os mais jovens e mais ricos são mais familiarizados com a rede. Entre os entrevistados com idade entre 16 e 24 anos, 65% nunca fizeram compras online. Na faixa etária acima de 55 anos, o percentual sobe para 87%.
 
No quesito renda, famílias com ganhos acima de cinco salários mínimos são mais adeptas da prática, sendo que pelo menos 53% já compraram online. Entre as famílias que ganham até um salário mínimo, o percentual de pessoas que usaram a internet para consumir é de apenas 14%.
Os dados não surpreendem o presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Maurício Salvador. Ele afirma que os principais entraves para a disseminação do comércio eletrônico são logísticos: o primeiro diz respeito ao próprio acesso. “Quase metade dos brasileiros ainda não tem acesso à internet. Entre os que têm, muita gente ainda possui internet de baixa qualidade, com navegação lenta que acaba prejudicando a experiência da compra online”, afirma.
Outro gargalo diz respeito à distribuição dos produtos, que ainda é muito cara devido a problemas com a malha rodoviária e o alto custo do combustível. “O custo do frete é muito elevado porque a malha rodoviária é ruim, o custo do combustível é alto e tem o problema de segurança, que encarece o seguro do frete”, diz.
Entre os participantes da pesquisa, 11% apontaram a demora na entrega como uma das maiores desvantagens da compra eletrônica.Outros 11% citaram as dificuldades para devolver e trocar produtos e 15% acreditam que a falta de contato com o produto é uma desvantagem desta modalidade de compra.
No que diz respeito às vantagens, o preço mais em conta foi citado como um fator positivo por 21% dos entrevistados, seguido pela praticidade, mencionada por 19% dos participantes.
O geofísico Yan Borges, 25 anos, que costuma fazer compras online uma vez por mês, confirma que os preços costumam ser melhores em lojas virtuais. “Sempre comparo e percebo que há bastante diferença”, diz ele, que acabou de adquirir uma chuteira pela internet.
Pelo fato de não ter experimentado o calçado, Borges acabou recebendo o produto em um tamanho menor: “Isso é um risco, mas a empresa ofereceu a troca de graça e foi tudo bem rápido.”
A analista de marketing Larissa Moura, de 28 anos, já teve dificuldades para trocar produtos e afirma que as empresas ainda precisam desenvolver o setor de pós-venda. “Você tem que ficar ligando para a central de atendimento, esperar na linha, não é sempre a mesma pessoa que te atende. É sempre uma novela”, reclama.
Ainda assim, acredita que compensa recorrer às lojas virtuais em vez das físicas. “Vale a pena pela praticidade, preço e não ter um vendedor empurrando outras coisas” diz ela, que é adepta das compras online para adquirir roupas, livros, calçados e até artigos de pet shops.
Alto potencial de crescimento
Para Maurício Salvador, presidente da Abcomm, a pesquisa mostra que o e-commerce ainda é um nicho com grande potencial no Brasil. Prova disso foi o crescimento expressivo em 2014. Enquanto o varejo físico amargou queda nas vendas, os negócios na internet cresceram 27%, faturando R$ 39,5 bilhões no ano.
Mesmo com a economia desaquecida, a previsão para 2015 é de manutenção do crescimento, com faturamento de R$ 49,8 bilhões. “A gente prevê que quatro milhões de consumidores vão comprar pela internet pela primeira vez em 2015. Isso traz um oxigênio forte para o setor”, assegura.
Segundo Salvador, apesar das grandes redes ainda dominarem as vendas na internet, o e-commerce é uma boa plataforma para pequenos e médios empreendedores. “As grandes empresas vem perdendo participação para este tipo de empreendedor”, diz, afirmando que o comércio eletrônico pode ser uma porta de entrada até mesmo para quem quer se estabelecer no mercado físico. “A internet tem um custo menor, é boa para testar o produto e formar uma base de clientes”, afirma.

By Willian D'Ângelo with No comments

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