Rio - O Estado do Rio de Janeiro está perdendo mais cinco mil metros cúbicos
de água por segundo, desde o primeiro minuto de hoje. A decisão de reduzir a
vazão do Rio Paraíba do Sul para 140 mil fora tomada há dias, mas até ontem
operava em 145 mil — passando aos 140 mil à meia-noite. O objetivo é chegar a
130 mil no início de março e, gradualmente, reduzir a 110 mil. Antes da crise
hídrica, a vazão mínima era de 190 mil metros cúbicos por segundo na Estação de
Santa Cecília, em Barra do Piraí.
O tema foi amplamente debatido ontem em reunião entre técnicos da Agência
Nacional de Águas (ANA), do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e
entidades ligadas a questões hídricas do Rio e de São Paulo.
No próximo dia 12, haverá novo encontro para decidir se a vazão cairá mesmo
para 130 mil metros cúbicos por segundo. Se isso ocorrer, empresas no polo de
Santa Cruz poderão ser as primeiras a sofrer com falta d’água.
“Elas fazem captação diretamente do Rio Guandu, que é abastecido pelo Paraíba
do Sul. Com a redução da vazão para 130 mil metros cúbicos por segundo, as
empresas não conseguirão captar água para garantir a produção”, alertou a
bióloga Vera Lúcia Teixeira, vice-presidente do Comitê de Integração da Bacia
Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap), que participou da reunião.
Quando a vazão alcançar os 130 mil metros cúbicos por segundo, cidades
fluminenses que captam água diretamente do Paraíba do Sul sofrerão impacto. A
ONS solicitou que tais municípios apresentem relatório sobre as interferências
que farão — e prazos — para minimizar o problema.
“Precisamos alcançar uma vazão de 110 mil metros cúbicos, para garantir que
se chegue com segurança até o fim do ano. Se não houver uma operação drástica
agora, corremos o risco de todos os reservatórios entrarem no nível morto”,
argumentou Vera Lúcia.
Para a bióloga, os governantes têm que assumir a possibilidade de
racionamento. “Se o povo não parar de desperdiçar, se não houver uma
reutilização da água, vai faltar sim. Não adianta rezar para chover, porque o
problema não está em São Pedro, nem em São Paulo. É preciso alertar a população
sobre a real situação e promover políticas públicas contra o desperdício. Também
não escuto um discurso de político sobre a necessidade de se recuperar a Bacia
do Rio Paraíba do Sul”, ressalta.
Nesta quinta-feira, a Assembleia Legislativa do Rio aprovou uma lei que dá
transparência ao monitoramento da vazão da água e da qualidade do Paraíba do
Sul. De autoria do deputado Comte Bittencourt (PPS), a medida ajudará a
controlar a poluição sobre os mananciais. A Alerj já havia aprovado a instalação
de uma CPI para investigar a gestão dos recursos hídricos.
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